Infelizmente, a grande maioria das pessoas
não imagina que a qualidade dos políticos também depende da escolha
feita pelos eleitores. Não todos, mas certa parcela de corruptos, que lá
estão não tomou o poder pela força ou pelo golpe. Do contrário, estes
foram eleitos pelo voto popular. Corruptos ou honestos, ambos foram
escolhidos de modo legítimo, uma vez que houve consulta à base, debate
de propostas e concordância partidária, por meio de votação. Quem valida
uma eleição é o povo, em sua pluralidade cultural, religiosa, ética e
moral.
O primeiro critério nas eleições é que o candidato a
cargos públicos seja pelo o menos idôneo. Isso sem mencionar detalhes
como: história de vida, formação profissional e intelectual,
configuração de antecedentes, vinculação partidarista, plataforma
política, ficha limpa com a justiça e projeto de campanha registrado no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ademais, generalizar como se todos os políticos
fossem corrompidos é uma forma de se isentar na hora de decidir. É mais
fácil acusar do que discernir o certo do errado. Contudo, o fundamental é
a consciência no ato de votar, sabendo que voto não é produto, por isso
não se compra nem se vende. Voto não é questão de merecimento, assim
não se troca nem se aliena. Voto é uma decisão, não coação! Aquele que
age com maturidade nas urnas, também saberá escolher os candidatos mais
adequados a sua visão política.
A democracia do Brasil ainda está engatilhando.
Muitas foram as conquistas e amplos os retrocessos. Um país colonizado
por séculos, sujeito a golpes militares e vítima da ditadura ainda tem
muito que aprender no ato de voto. O nosso país não pode ser refém
daquilo que a história chama de ‘populismo’: um sistema de poder,
segundo o qual a autoridade política concede uma atenção exclusiva aos
pobres, no intuito de conquistá-los, não de emancipá-los. “Uma dominação que não é percebida por quem é dominado”. Eis a ideologia.
O Brasil necessita de políticos honestos, que
representem os interesses dos excluídos; que postulem uma reforma
tributária e política; que priorizem a qualidade de vida da população;
que solucionem não só a dívida externa, mas também a dívida interna: de
um trilhão e quinhentos bilhões de reais; que resolvam o déficit da
previdência; que orientem para mecanismos sustentáveis e de energia
pura; que governem para o povo, não para si e que tenham a coragem de
debater os graves problemas sociais do país.
Neste cenário, os avanços devem ser consolidados, os
erros corrigidos e as promessas de campanha se tornar objetivos
concretos do mandato. Um povo, violentado no passado pelo voto do
cabresto, deve rejeitar qualquer candidato que se apresente como ‘pai
dos pobres’. A pobreza é um pecado social e como tal não necessita de
paternidade, pelo contrário, precisa de solução!
Muito mais que debates entre correntes políticas e
legendas partidárias é primordial visualizar os candidatos que estão
concorrendo por uma questão de vocação e os demais que almejam se
enriquecer com o dinheiro público. O genuíno político deve assumir sua
missão por vocação e competência, não apenas por profissionalismo. Há
muitos que postulam um cargo político para servir-se do Estado e não
para servi-lo. Justamente por isso, acabam se esquecendo de que o voto é
uma espécie de ‘procuração’, conferida pelo povo e como tal também pode
ser revogada. Nunca percamos a lembrança do impeachment e, mais
recentemente, do processo que mobilizou o Brasil, com o ‘Ficha Limpa’.
Aqueles que ocuparão os cargos de Chefe do Executivo
Municipal e vereadores devem passar antes pelo crivo da consciência de
uma verdadeira política: voltada para a solução e não para os problemas.
Por último ainda precisamos aprender que um país se
constrói com projetos em curto prazo, para resolver aquilo que é urgente
e também em longo prazo, para solucionar erros históricos. Como é o
caso de extensas emissões de dinheiro em promoção humana e mínimos
investimentos para uma educação de qualidade. São mais eleitoreiros
projetos imediatos do que medidas alicerçadas para o futuro. Um bom
governante pensa no hoje, sem deixar de projetar as conquistas
presentes, em vista do amanhã.
Vale a pena refletir que ‘age com leviandade’ quem
promete para ganhar e quem ganha para votar! Age de má fé quem gera
programas sociais para que o pobre seja cada vez mais pobre. Age com
crueldade quem não resolve o crime da indigência e não garante um
salário digno ao cidadão, subjugado por doações governamentais. Age com
insensatez aquele que se deixa manipular por candidatos que governam
para classes oligárquicas, que sempre se beneficiaram da miséria do
oprimido, por meio de privatizações, fazendo do Brasil um território de
banqueiros. Não pense somente em si, mas olhe para a realidade local
antes de confirmar o seu candidato daqui algumas semanas! Que o Pai
Eterno nos ensine a olhar para os Seus amados filhos, nossos irmãos,
antes de fazer a nossa escolha no ato do voto.
Missionário Redentorista, Reitor da Basílica de Trindade e Mestre em Teologia Moral pela Universidade do Vaticano.
Twitter: @padrerobson
www.paieterno.com.br
“Minha
profissão não é política, a política deve ser conceituada como uma
missão a ser cumprida de modo glorioso em meio as transformações sociais
adquirida. Se nós não fizermos, quem vai fazer? Se nós também não
cobrarmos de quem executa, como iremos alcançar o melhor para nosso
Estado?”. - See more at:
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